Economia

Taxa extra na conta de luz deve aumentar, diz Guedes: ‘Não adianta ficar sentado chorando’

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (26) em audiência pública no Senado que a taxa extra na conta de luz, cobrada por meio das bandeiras tarifárias, deverá aumentar novamente em razão da crise hídrica. Para o ministro, “não adianta ficar sentado chorando”.

O Brasil enfrenta a pior crise hídrica dos últimos 91 anos, e a bandeira tarifária já foi reajustada, em junho deste ano. Segundo a colunista do G1 Ana Flor, a bandeira na cor vermelha deverá sofrer novo reajuste na semana que vem, durante reunião da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

“Temos de enfrentar a crise. Vamos ter de subir a bandeira, a bandeira vai subir. Vou pedir aos governadores para não subir automaticamente [o ICMS da energia elétrica], eles acabam faturando em cima da crise. Temos de enfrentar, não adianta ficar sentado chorando”, declarou Guedes.

Os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste – que respondem por 70% da capacidade de geração de energia do país – estão com 22,5% da capacidade de armazenamento, e não há perspectiva de chuva forte nessas regiões até meados de outubro.

As usinas termelétricas – mais caras e poluentes – estão sendo acionadas para garantir o fornecimento de energia. Por isso, houve aumento no custo da geração de energia, e o valor é repassado aos consumidores.

Nesta quarta-feira (25), o ministro da Economia já havia indagado “qual é o problema” de a energia ficar “um pouco mais cara”.

‘Convocação para enfrentar a crise’

No entanto, nesta quinta-feira (26), Guedes reconheceu a gravidade da crise hídrica e disse que suas falas recentes sobre o tema foram retiradas de contexto.

“Sim, é grave [a crise hídrica], foi produzida ao longo dos últimos 10, 15 anos”, afirmou Guedes durante evento virtual promovido por uma corretora de investimentos.

“Eu dizia, em termos de convocação, de exortação ao grupo, eu dizia o seguinte: ‘temos uma crise hídrica, subiu o preço da energia, mas e daí? Nós vamos enfrentar, é mais uma crise, mas nós vamos enfrentar’. Era uma convocação para enfrentar a crise”, explicou o ministro.

“Aí na mesma hora vira: ‘ministro não está nem aí para a crise’. É uma falsa narrativa, uma destruição de reputações, é um assassinato de reputações, é um erro isso”, completou.

Ele reforçou que “temos riscos” com a crise hídrica, mas que o governo vai enfrentar o problema.

Medidas para reduzir consumo

Nesta quarta-feira (25), o governo anunciou uma “premiação” para consumidores que conseguirem economizar energia elétrica — no entanto, as regras para o programa não foram divulgadas.

Além disso, também determinou que os órgãos públicos federais deverão reduzir o consumo de energia de 10% a 20% entre setembro de 2021 e abril de 2022.

Na ocasião, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, voltou a descartar a possibilidade de racionamento de energia.

As medidas foram anunciadas após o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) ter avaliado, na terça (24), que há “relevante piora” das condições hídricas no país.

Em novembro, quando começa o período chuvoso, o ONS prevê que os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste vão chegar a 10% da capacidade.