Brasil

Pandemia e falta de auxílio emergencial levam famílias e crianças a morarem nas ruas

A pandemia de covid-19 está deixando um rastro de mortes e sofrimento, no Brasil. O país, que antes do começo da pandemia já sofria com a fome o desemprego, viu sua situação piorar no último ano.

Famílias que perderam seus empregos e não têm um auxílio emergencial suficiente para pagar aluguel começaram a viver nas ruas. O auxílio emergencial pago pelo governo este ano vai de R$ 150 a R$ 375.

Moradores de São Paulo, a cidade mais rica do país, também estão sofrendo e famílias inteiras estão precisando ir viver nas ruas. A cidade já tem mais de 20 mil pessoas em situação de rua.

Entre as famílias que tiveram de deixar sua casa no final do ano passado está a de Maxwell Oliveira, de 36 anos, que vivia com a esposa e os dois filhos pequenos.

“Por causa dessa pandemia, perdi o emprego em 7 de dezembro. Trabalhava como atendente do Burger King fazia três anos”, conta o homem. Já sua esposa trabalhava como faxineira de uma empresa e ficou desempregada na mesma época.

A família, todos os dias, se dirige à ONG Movimento Estadual da População em Situação de Rua, a poucas quadras da Prefeitura, para buscar o que comer.

Quando trabalhavam, Maxwell e sua esposa, Verônica, recebiam, juntos, cerca de R$ 2.500 por mês. Não é muito para uma cidade cara como São Paulo, mas era o suficiente para pagar um aluguel de R$ 800 numa casa de dois quartos no bairro do Belém, na Zona Leste da capital.

“A gente tinha tudo. Mas, quando perdemos o trabalho, não tivemos mais condições de pagar aluguel e fomos para a rua. Felizmente, fomos acolhidos num abrigo”, afirma o homem.

Formada majoritariamente por homens desacompanhados, a população de rua de São Paulo vem passando por uma mudança de perfil que se acelerou durante a crise sanitária. Agora, famílias inteiras, incluindo mulheres que são mães solteiras, estão engrossando esse contingente.

É o caso de Monica da Silva, de 33 anos. Depois de se separar, voltar para a casa de sua mãe e enfrentar conflitos familiares, decidiu deixar tudo para trás, há quase um ano, e ir para a rua em plena pandemia com suas filhas —Maria Eduarda, de 12 anos, Julia, de 8, e Alana, de 2. Passaram a morar na praça da Sé com outras dezenas de pessoas.

Os dados sobre essa recente mobilidade social também são limitados, mas mostram que a fome e a pobreza voltaram a assombrar milhões de famílias no Brasil. De acordo com a FGV Social, a paralisação da economia somada à interrupção em dezembro do primeiro auxílio emergencial, de R$ 600, levou milhões de brasileiros à miséria.

Para economistas, a falta de ações efetivas contra a pandemia, como a vacinação em massa, trazem a possibilidade de um futuro ainda mais sombrio.

 

Fonte: El País